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Uso do biodiesel ajuda a evitar 2 mil mortes no país


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A  mudança no percentual de biodiesel no diesel utilizado em ônibus e caminhões no Brasil, de 5% em 2008 para 7% em 2014, ajudou a evitar 2 mil mortes por doenças cardiovasculares, respiratórias e de câncer no pulmão. Na região metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro, se a mistura adotada saltar para 20% de biodiesel por litro de diesel até 2025, mais de 13 mil mortes poderiam ser evitadas e a economia seria de R$ 2 bilhões nos sistemas de saúde de seis capitais.



Esses dados fazem parte de estudo realizado por pesquisadores do Instituto Saúde e Sustentabilidade, criado em 2008 por especialistas de ambiente e saúde. O trabalho foi feito a pedido da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).



"Em um ambiente urbano como o nosso, políticas de energia também são políticas de saúde", diz o professor Paulo Saldiva, um dos coordenadores do estudo. Em São Paulo, o impacto da poluição tem o efeito, no pulmão, equivalente ao de dois a três cigarros diários. "A poluição do ar é um cigarro ambiental a que se submetem, sem poder de escolha, gestantes, bebês, velhinhos, todos", continua Saldiva, um estudioso dos efeitos da poluição atmosférica na saúde e coordenador do laboratório de poluição da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.



O foco do estudo foi o poluente MP2,5, que é produzido na queima do diesel. A ideia era calcular os riscos evitáveis à saúde pública e quanto isso significa em valor - evitando mortes e internações -, a partir da inserção do biodiesel na matriz energética. "Na queima se emite material particulado. É uma poeira fina, com grande impacto sobre a saúde", diz Evangelina Vormittag, presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade.



A pesquisa simulou cenários de evolução gradual do biocombustível na matriz veicular. A base de cálculo do estudo foi o B5, ou seja, os 5% de adição de biodiesel ao diesel utilizado no Brasil durante 2012. Os pesquisadores trabalharam com quatro cenários - 2015, 2018, 2022 e 2025 -, simulando aumentos na mistura ao diesel - B7, B10, B15 e B20.



"Queríamos mostrar para a população das grandes cidades e para o governo, que criou o programa em 2005, que além de se tratar de um combustível limpo, tem efeitos benéficos para a saúde pública", diz Erasmo Carlos Battistella, presidente da Aprobio.



Foram analisadas seis regiões metropolitanas -Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, com metodologia da Organização Mundial da Saúde (OMS).



Hoje, o Brasil produz 4,2 bilhões de litros de biodiesel, feito a partir de soja e gordura animal. Na semana passada, o estudo foi entregue ao ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República. "Temos o programa e os benefícios, mas não temos um cenário de futuro", diz Battistella.hibribus



 O pedido da Aprobio ao governo é que a mistura utilize 10% de biodiesel no Brasil nos próximos três anos, crescendo o percentual em 1% ao ano. E que nas cidades com mais de 500 mil habitantes se utilize 20% de biodiesel. Se isso acontecer, a expectativa é que a produção de biodiesel chegue a 8,5 bilhões de litros ao ano "Defendemos o desmatamento zero", segue o presidente da associação, que tem 20 usinas associadas e responde por 35% do mercado de biodiesel. "No Brasil, a produção de soja vem crescendo e o desmatamento, caindo. Está se utilizando mais tecnologia na produção de soja, além de áreas degradadas de pastagens do Centro Oeste."



"O biodiesel parece uma alternativa. Não será a solução, o cenário ideal é transporte coletivo de baixa emissão", diz Saldiva. "A política de combustível não pode ser do poço até a bomba. Tem que levar em conta os efeitos da queima do combustível."



Por Daniela Chiaretti - Valor Econômico