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Produção de biodiesel deve crescer 25% no Brasil em 2015


BIODIESEL_LAB Reação do setor, que teve recuo em 2014, é alicerçada na supersafra de soja, principal matéria-prima, e na lei que ampliou adição de biocombustível no diesel



Após amargar o abandono de investimentos no início do ano passado, o setor de biodiesel brasileiro, que tem o Rio Grande do Sul como maior expoente, agora vê um futuro promissor. A aprovação de lei que ampliou para 7% a adição de biocombustível no diesel, em setembro passado, faz a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) projetar um aumento de 25% na produção em 2015.



Há um ano, o cenário era árido para o setor. Tida como o mercado do futuro em 2004, quando o governo federal lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), com a meta de incentivar a produção do combustível verde no país, a indústria viveu momentos de incerteza e abandono de investimentos no último ano.

Com a mistura obrigatória de biodiesel no diesel estagnada em 5% desde 2010, o país ingressou 2014 com uma ociosidade industrial de 56%. A demanda estável e a falta de competitividade para exportar fizeram pelo menos 20 indústrias que produziam biocombustível fecharem as portas ou migrarem de setor.



— As empresas passaram anos sem ter conhecimento da demanda de biodiesel a longo prazo e houve sobreoferta. Então, algumas não conseguiram manter os investimentos que fizeram — explica Leonardo Botelho Zilio, assessor econômico da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).



O alento para o setor só veio em 2014, quando uma lei ampliou a mistura para 6% em setembro e, a partir de novembro, para 7%. Além disso, outros dois fatores contribuíram: o bom desempenho no campo, que favorecerá a oferta de matéria-prima, e a desistência da Petrobras em construir duas refinarias, que abrirá espaço no mercado de combustíveis. Diante do novo cenário, a previsão é de que a ociosidade das empresas diminua para 44%.



— A ociosidade demonstra a necessidade de programas de longo prazo para o setor. Lutamos pelo aumento da mistura para 10% nos próximos dois anos e medidas que deixem o mercado competitivo internacionalmente — afirma o presidente da Aprobio e diretor presidente da BSBIOS, Erasmo Carlos Battistella.



Além de benéfico para o ambiente e para a saúde humana, o biodiesel também favorece a balança comercial brasileira. Battistella explica que, com o aumento da mistura, o país precisará importar menos diesel. Ao produzir 3,42 bilhões de litros de biodiesel em 2014, o país economizou US$ 2,59 bilhões em importação de diesel no ano, de acordo com levantamento da Aprobio.



No cenário de preços atual, a tendência é de que o maior uso de biodiesel torne o diesel mais barato no país, aponta Luiz Fernando Gutierrez Roque, consultor da Safras & Mercado. No entanto, caso o valor do grão tenha alta, ele pondera que as indústrias terão dificuldades para comprar sua principal matéria-prima, e o valor do diesel subirá. Apesar do risco de oscilações, Roque avalia o aumento da mistura como positivo para a economia, já que incentiva o suprimento da demanda interna por combustível com a produção nacional.



Indústria pede incentivo para exportar



Em um país onde a produção de biodiesel depende do consumo interno, a exportação seria uma saída para diminuir a ociosidade industrial. Graças a incentivos tributários, hoje só a Argentina e a Indonésia exportam o produto, conforme a Aprobio. O biocombustível desses países representa apenas uma parte do consumo da Europa, mercado que as indústrias brasileiras sonham em conquistar.



Primeira indústria do país a exportar biodiesel, a gaúcha BSBIOS, instalada em Passo Fundo, no norte do Estado, levou cerca de 40 mil toneladas do produto para a Holanda nos dois últimos anos. Atualmente, porém, reclama da falta de incentivos para a venda no Exterior



— Estamos sempre de olho no mercado internacional, mas os custos de produção no país tornam a exportação inviável — afirma Erasmo Carlos Battistella, diretor presidente da BSBIOS e presidente da Aprobio.



Para que o produto brasileiro se torne competitivo, o governo precisa dar incentivos tributários às empresas e melhorar a logística, observa o assessor econômico da Abiove Leonardo Botelho Zilio.



 



Fonte: Fernanda da Costa - Zero Hora