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Porto Alegre é segunda cidade mais poluída do país


Estudo aponta biodiesel reduz poluição, internações e mortes



porto alegre  Porto Alegre ocupa o segundo lugar no ranking de seis capitais do País em poluição atmosférica. É o que aponta um estudo que o Instituto Saúde e Sustentabilidade, instituição especializada em pesquisas de impacto ambiental e de saúde, acaba de concluir com apoio da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO).



Com base numa retrospectiva a partir de 2012, quando a mistura do biodiesel ao diesel era de 5% no país, o Rio de Janeiro lidera o ranking, com 24,80 microgramas p/m³. Em seguida está Porto Alegre, com 22,10; São Paulo fica em terceiro, com 21,60; Belo Horizonte, 19,20; Curitiba, 18,60; e Recife, 10,25 microgramas p/m³.



O levantamento, realizado com base em dados de órgãos de monitoramento e controle ambiental das cidades pesquisadas, aponta uma economia de R$ 145 milhões e 51.188 internações hospitalares a menos por problemas cardiorrespiratórios no Rio e São Paulo, no período de 2015 a 2025.



A pesquisa simulou cenários de evolução gradual do biocombustível na matriz veicular brasileira, chegando a 10% (B10) por litro de diesel em 2018, 15% (B15) em 2022, e finalmente 20% (B20), abaixo do que o Brasil já mistura de etanol na gasolina hoje, em 2025.



Este ano seriam contabilizadas na região metropolitana de Porto Alegre 1.195 mortes se ainda se estivesse usando a mistura de 5% de biodiesel por litro de diesel fóssil, a chamada B5. Mas como a mistura já está em 7% (B7), 23 pessoas deixarão de morrer por doenças relacionadas à poluição do ar, com uma economia de R$ 4 milhões.



Em 2025 estima-se uma redução de 27 mortes com a adição do biodiesel B7; 60 com a de B10; 118 com o B15 e 175 com B20. A economia total pela redução das mortes (evitadas), em 2015, seria de R$ 8 milhões com uso de B10; R$ 16 milhões com o B15 e R$ 24 milhões com B20.



Em 2015 haveria 1.863 internações na grande Porto Alegre com o uso de B5. O B7 em vigor contribuirá para reduzir 34 delas, com uma economia de R$ 166 mil.



Até 2025 estima-se uma redução de 47 internações com a adição do B7; 104 com a de B10; 207 com o B15 e 308 com B20. No mesmo perído, a economia seria de R$ 221 mil com o uso de B7 e R$ 1,5 milhão com B20.



Apesar dos dados preocupantes, o estudo mostra que, se a mistura do biodiesel ao diesel fosse aumentada para 20%, teríamos menos poluição, internações e mortes, com uma economia de mais de R$ 2 bilhões para os sistemas de saúde dessas capitais até 2025. Só em São Paulo e no Rio de Janeiro, a adoção de 20% de biodiesel por litro de diesel mineral, hoje limitada por lei em 7%, pode evitar 13.031 mortes por doenças respiratórias, ou mesmo o câncer, no mesmo período.



 “Este estudo comprova os inúmeros benefícios do biodiesel na matriz energética brasileira”, afirma o presidente da APROBIO, Erasmo Carlos Battistella. Para ele, no ano da Conferência do Clima da ONU, a COP 21 em Paris; quando até o Papa divulga uma encíclica sobre o meio ambiente, e cidades como Santiago do Chile decretam estado de calamidade pública por causa da poluição do ar, “o Brasil não pode se furtar do emprego de um ativo importante para reduzir a mortalidade e realocar recursos nas políticas de saúde pública.”



Rio lidera poluição



Os especialistas se debruçaram sobre a quantidade de material particulado (MP) inalável – a poluição atmosférica nas capitais estudadas –, causada em grande parte pela emissão de gases na combustão do diesel fóssil. O critério é da Organização Mundial da Saúde, das Nações Unidas, de 2,5 MP por metro cúbico (m³).



Com os aumentos graduais de biodiesel na matriz veicular e a consequente redução da suspensão de poeira, o Rio chegaria a 2025, passando pelas Olimpíadas em 2016, com 23,63 microgramas de MP/m³, ainda na ponta das seis cidades. E mesmo assim terá contribuído muito. Só neste ano na região metropolitana da cidade seriam contabilizadas 4.736 internações públicas se ainda estivesse a mistura de 5% por litro de diesel.



Com a elevação para B7 no ano passado, o Rio de Janeiro deixará de internar 1.011 pessoas por problemas cardiorrespiratórios até dezembro, ao custo de R$ 1,9 milhão. Em um cenário estacionário de poluição e crescimento de mortes, seriam esperados 4.390 falecimentos este ano. Mas o B7 ajudará a poupar 943 vidas, economizando R$ 121 milhões aos cofres públicos. O B20 salvaria 5.712 vidas e economizaria R$ 732,6 milhões até 2025. Graças à mistura atual de 7% (B7), São Paulo salvará 612 vidas em 2015 das 4.699 mortes atribuíveis à poluição se a cidade ainda estivesse misturando 5% de biodiesel. Isto representa uma economia de R$ 120 milhões.



Se o B20 fosse adotado hoje na região metropolitana da capital paulista, 7.319 mortes seriam evitadas até 2025, num ritmo de mais de 665 por ano ou 1,82 por dia. No mesmo cenário, R$ 1,4 bilhão deixaria de ser gasto nestes onze anos, além de 45.022 internações a menos no período.



Com o B7, os paulistanos evitarão 582 internações hospitalares, das 29.181 projetadas para 2015 no cenário anterior, de B5. Até 2025, o custo delas será de R$ 1.088 bilhão, mas pode cair para R$ 866 milhões se a mistura continuar aumentando até lá.



“No momento que a OMS clama por ação dos seus estados membros ao combate à poluição atmosférica, líder ambiental em adoecimento e morte no mundo e em que o Papa Francisco divulga a encíclica, esse estudo mostra o surpreendente benefício do biodiesel em saúde pública, em iniciativa que, se implementada, preencheria uma lacuna num país com verdadeiro e inacreditável vácuo de leis e políticas públicas nesse âmbito”, diz a médica Evangelina Vormittag, presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade.



Fonte: APROBIO



Foto: Lucas Barroso/Divulgação PMPA